quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

DIRETO DO GALEÃO...

 Direto do Galeão...
                                      Cristiane Framartino Bezerra
 
Confesso que fiz a minha parte.
Acordei cedinho, tomei banho, café, peguei todas as minhas coisas.
Marcos gentilmente tirou seu lindo carro da garagem, trazendo-me ao Galeão.
Aí... a Webjet informou que meu vôo de volta a Ribeirão sofreria um atraso de uma hora e meia.
Para vir, eu brincava que se Deus permitisse e a Webjet não atrapalhasse, eu passaria o Reveillon no Rio.
Agora, preciso repetir o chavão, alterando o final!
O jeito é relaxar!
Como diriam os antigos, “o que não tem remédio, remediado está!”
Então vou aproveitar o tempo para as palavras cruzadas, escrever, pensar na vida e agradecer.
Privilégio de poucos poder estar num belíssimo aeroporto, depois de uns dias deliciosos na Cidade Maravilhosa, assim, olhando para a frente, observando uma das grandes dádivas humanas pousando e decolando... O avião!
Sou eternamente fascinada pela inteligência humana!
O que me incomoda é que esta mesma inteligência não se disponibilize a orientar melhor o próprio homem.
Não seria tão dispendioso assim.
Se há dinheiro para expedições a Marte, Lua, Júpiter, satélites super sensíveis e especiais, deveríamos destinar recursos para a higiene básica. Redes de esgoto, de água, iluminação, orientação sexual, orientação ecológica, reciclagem, uso correto do meio ambiente... E teríamos menos doenças, menos miséria e mais gente feliz!
Agora, a mulher acompanhada do marido e de uma criança, supostamente sua filha, todos elegantemente vestidos, lança no chão o papel que acaba de tirar do sorvete! Está colaborando no processo de estufa e “enfeiamento” do aeroporto e do Planeta! O mais grave é que a lixeira estava a menos de dois metros de seus braços. Não sei se fico brava, indignada ou triste com a cena.
Admirar a aeronave, o telescópio, o “blackberry”, o aparelho de ultrassonografia, é saber que podemos.
Podemos tudo. Podemos mais, como cantou Gonzaguinha.
Pena que muitos sonhadores estejam deixando o Planetinha sem verem a humanidade mais humana, mais ricamente generosa, mais consciente da sua própria responsabilidade.
Agora um menininho encostou seu nariz no vidro de acesso à área de embarque. Acena feliz sua mãozinha, dando “tchau” aos que passam pelo outro lado.
Os que o enxergam, sorriem de volta e também dão “tchau”, com certeza voarão com a alma mais leve.  
O menino que sorri despreocupado para todos os que passam por ele, ensina-me que ainda há esperança. Que somos gente! E uma gente carente, que precisa prestar mais atenção ao menino que pede um aceno de volta!   
Somos todos meninos e adultos. Somos todos parte e processo – Humanidade que quer, precisa, anseia e merece muito Amor!
 
 
*o vôo atrasou duas horas e meia, tempo suficiente para eu escrever minha crônica, ter sido reconhecida por um casal que já me viu “cantando” numa festa em Ribeirão e virar “líder de torcida” em prol da liberação do almoço para todos, pela Webjet!
 
historiadora, escritora
cris123bezer@yahoo.com.br        

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